Quando a traição faz networking melhor que a gente

Existe um tipo muito específico de caos emocional que só o brasileiro consegue produzir: o caos terceirizado. A pessoa manda mensagem dizendo que terminou o relacionamento e, na mesma velocidade, entrega a bomba completa já com endereço e CEP: a culpa é da namorada do outro. É quase um esquema de pirâmide da traição, em que todo mundo descobre que está envolvido em algo que nem sabia que existia. A situação vira um organograma afetivo que nenhum psicólogo teria coragem de diagramar. O mais curioso é a naturalidade com que a informação é entregue, como se fosse uma notificação do banco: “Seu saldo emocional está negativo, confira o motivo abaixo.” Dá até vontade de abrir reclamação no Procon dos relacionamentos.
E a beleza desse momento está na sinergia involuntária entre vítimas, traídos e confusos. Nada une mais duas pessoas desconhecidas do que descobrir que seus parceiros estavam unidos por… digamos, interesses paralelos. É o tipo de fofoca que chega triste, mas sai rendendo risada, terapia e talvez até uma amizade inesperada – afinal, depois de uma revelação dessas, qualquer coisa já é lucro. O caos afetivo brasileiro nunca decepciona: sempre entrega mais do que a gente pediu.




