O dia em que o pedido de aumento virou saudação de restaurante

Existe um tipo de coragem que só aparece depois de muita prática em frente ao espelho, três vídeos motivacionais no YouTube e a certeza absoluta de que hoje vai. Ensaiar pedido de aumento é quase um ritual espiritual do trabalhador brasileiro, cheio de pausas dramáticas e argumentos tão bem construídos que dariam orgulho a qualquer coach. Mas a vida, sempre ela, adora transformar grandes momentos em pequenas vergonhas históricas. Basta pisar na sala do chefe para o cérebro entrar em modo avião, a língua travar e a lógica sumir como salário no quinto dia útil.
E o auge do constrangimento acontece quando a frase ensaiada vira um “bom apetite” completamente deslocado da realidade, deixando claro que o nervosismo venceu mais uma batalha. É o tipo de situação que prova que o brasileiro não precisa de stand-up, porque a própria rotina entrega comédia espontânea de qualidade. No fim, o aumento não veio, a dignidade ficou abalada e a história ganhou um lugar especial no arquivo de humilhações profissionais que todo adulto carrega. Pelo menos rende risada — e terapia.




