Tem amigo que tem um talento único: ele faz da negociação uma arte e da redução progressiva um espetáculo. Começa com aquela pedida ousada — 100 reais —, mas quando vê que o silêncio é a resposta, a técnica muda. Daí já baixa pra 70, tentando mostrar que ele é flexível e que só quer uma ajudinha. E quando não obtém resposta? Surge a última cartada: a redução para 50, com a promessa de pagar “amanhã”, que na língua universal dos amigos significa um futuro incerto, talvez utópico.
Não é só sobre o dinheiro, é sobre a insistência, o tom de urgência que cresce a cada mensagem, e aquele “sério, eu te devolvo amanhã” que você já ouviu outras vinte vezes. O que ele não sabe é que, pra você, o espetáculo é gratuito, e só observar a saga diária de “tem como tu me emprestar” já é entretenimento suficiente.