No Brasil, reclamar é uma arte dominada desde cedo. É um treinamento natural que começa com o famoso “que calor insuportável” e, em questão de meses, vira “esse frio está de congelar a alma”. O brasileiro tem a capacidade única de transformar qualquer condição climática em uma oportunidade de desabafo. O problema, ou melhor, a genialidade por trás disso, é que a insatisfação climática é um ciclo eterno.
Se está calor, a gente reclama que não dá pra respirar, que o ventilador parece estar soprando ar quente e que a geladeira não vence produzir gelo. Se está frio, não falta quem diga que o corpo foi projetado para o verão, que o inverno só serve pra gente parecer pinguim embaixo das cobertas ou que os dedos já não respondem aos comandos. E quando o clima fica ameno, então? Aí a indignação toma proporções épicas porque simplesmente não há roupa adequada para “18 graus com sensação térmica de 27 na sombra e 12 no vento”.
No entanto, no meio dessa guerra climática, sempre existe aquela pessoa que consegue roubar a cena. Pode ser alguém que joga uma cantada sincera, inesperada e certeira como quem diz: “Eu reclamo de tudo, menos de você”. A mágica acontece nesse exato momento. De repente, o frio e o calor deixam de ser o problema e a reclamação ganha um novo foco: o quanto alguém consegue transformar um desabafo em pura poesia cotidiana.
E sabe qual é a lição disso tudo? O brasileiro não é só um reclamão de carteirinha, ele é também um artista das emoções climáticas. Faz do frio, do calor, do tempo ameno e até do mormaço um palco para humor, reflexão e até um pouco de charme. Então, da próxima vez que o calor derreter seu bom humor ou que o frio congelar sua paciência, lembre-se: o que realmente importa não é o clima, mas quem tá do seu lado pra ouvir suas reclamações – ou, quem sabe, se tornar a exceção que você tanto procurava.