O português é aquela língua maravilhosa em que a gente fala, os gringos tentam entender… e desistem. E um dos maiores mistérios linguísticos da nossa pátria amada, Brasil, é o uso do verbo “pegar” como um curinga do idioma. Ele aparece do nada, não pega nada, não segura nada, não agarra ninguém… e some do mesmo jeito que veio.
“Pegou e foi embora.” — Mas pegou o quê, minha filha? Um Uber? Um ranço? Um resfriado? Um sentimento? Ou pegou só a decisão mesmo, sem levar nada, só pra dramatizar? O “pegou” na frase brasileira serve pra dar emoção, pra mostrar que o cara não foi embora qualquer coisa — ele foi embora com atitude, com intensidade, com alma de novela das 9.
No fundo, o verbo “pegar” nesse contexto é tipo o tempero da fofoca: não precisa estar ali, mas sem ele a frase perde o sabor. O português, meus amigos, não é só uma língua — é um quebra-cabeça narrativo onde às vezes a peça é só decorativa.