A cena é clássica: avião lotado, bagagem de mão que não cabe mais no bagageiro e o famoso bingo do assento do meio. No meio desse caos aéreo, surge o poder supremo da mãe brasileira — aquele ser mítico que, independentemente da idade do rebento, ainda o trata como se ele tivesse acabado de sair da maternidade.
Para ela, não importa se o filho já tem barba, faz imposto de renda sozinho ou dirige um carro financiado: ele continua sendo “o bebê dela”. E, claro, isso é motivo suficiente para mobilizar metade da tripulação e mais uns 8 passageiros em nome do “coitado que tá sozinho”. Afinal, na cabeça de uma mãe, um homem de 26 anos sentado longe dela por mais de duas horas é equivalente a largar um bebê num campo de batalha.
Brasileiro que é brasileiro não resiste a um drama bem contado. Todo mundo entra no modo empatia ativado e começa o jogo das cadeiras a 10 mil pés de altitude. A solidariedade bate forte… até o “coitadinho” aparecer com barba, mochila de academia e cara de quem já pagou boleto esse mês.
E é aí que a gente aprende duas grandes verdades da vida: uma, mãe é mãe — e ponto final. E duas, nunca subestime o poder de convencimento de uma mãe no modo “emoção nível novela das 9”.