Dizem que cada pessoa tem várias versões de si mesma. No Brasil, a gente levou isso a sério e virou praticamente um multiverso ambulante. A personalidade do Instagram, por exemplo, é sempre a mais solar: pose treinada, filtro ativado e frase de efeito tipo “só vai” ou “gratidão pela jornada”. Um ser humano que acorda às 5h da manhã por livre e espontânea pressão do algoritmo.
Já a personalidade dos jogos online… bom, essa é uma entidade à parte. Se no Insta a pessoa posta pôr do sol, no jogo ela vira um gremlin dos teclados. Arrogância, trash talk e xingamento nível federal, com direito a “sua mãe” em cada frase. Um verdadeiro guerreiro digital que esqueceria até o próprio nome, mas nunca a senha do Discord.
A versão presencial? É quase um pokémon tímido. A pessoa que online é o diabo vestido de fúria, pessoalmente não olha no olho, fala baixo e ri com vergonha até da própria existência. Uma entidade educada, calma, que até pede desculpa pro garçom por existir.
E a versão do trabalho… ah, essa é a mais sombria. Camisa de botão, olhar perdido, semblante sério. Fala pouco, manda e-mails frios e vive com a alma de quem já aceitou que “hoje não é dia de sonhar, é dia de pagar boleto”. Uma personalidade que já ultrapassou o estresse e agora habita o modo automático com café como combustível.
No fundo, a gente não tem transtorno de identidade… tem é prática de sobrevivência social.