O amor de pai é uma coisa linda, mas às vezes vem temperado com teimosia e legumes duvidosos. Todo mundo tem aquele parente que insiste em empurrar o prato que a gente mais odeia, como se o tempo tivesse o poder mágico de mudar o paladar. Vinte e dois anos de convivência e ainda assim o homem acredita que hoje é o dia em que o maxixe vai brilhar no cardápio.
É quase um ciclo emocional: ele compra, cozinha, oferece, é rejeitado e se decepciona — tudo isso por um legume que parece ter saído de um pesadelo nordestino culinário. O maxixe, coitado, nem tem culpa. O problema é o otimismo paterno, esse combustível infinito que faz o brasileiro acreditar que “dessa vez vai”.
No fim, o que sobra não é só o maxixe na geladeira, mas também um coração partido e um prato cheio de desilusão.