O cearense é o verdadeiro poliglota da nação. Consegue transformar uma simples observação sobre a beleza alheia em uma obra de arte linguística. Enquanto o resto do Brasil solta um tímido “você é linda”, o nordestino já manda um “ô lapa de mulé” com a emoção de quem viu o pôr do sol de Jericoacoara pela primeira vez.
O mais incrível é que, na tradução, a frase vira quase literatura clássica: “Ora, vosmecê, moça, impressiona-me com tão estonteante formosura.” Ou seja, o mesmo sentimento, mas com sotaque de Dom Pedro e alma de Lampião. O Brasil precisa reconhecer o talento regional de transformar gírias em poesia popular.
Enquanto uns estudam francês pra flertar, o cearense já nasceu com o dom da sedução tropical. “Ô lapa de mulé” é mais do que uma cantada — é patrimônio cultural, é arte viva, é declaração de amor embalada em humor e tapioca.