
Chega uma hora que o celular pede tanta permissão estranha que a gente começa a aceitar por esporte. A calculadora pedindo acesso a chamadas é quase um novo nível de relacionamento: além de fazer contas, agora ela quer cuidar da sua vida social. Imagine receber uma ligação e ser a calculadora que atende, perguntando se quer arredondar o papo pra cima ou pra baixo. A pessoa fala “te amo”, e ela responde “não bateu, deu erro de sintaxe”. O pior é que a gente deixa, porque brasileiro não resiste a uma opção suspeita com a palavra “Permitir”. Já deixamos lanterna acessar fotos, já autorizamos despertador a mexer nos contatos… então, por que não deixar a calculadora virar operadora também? Talvez seja até útil: cada ligação já viria com a porcentagem de arrependimento calculada.
No fundo, a tecnologia só reflete nossa confusão: não sabemos se queremos somar, dividir ou simplesmente colocar tudo em modo avião.






