
Existe uma categoria especial de sinceridade infantil que deveria vir com manual de uso, capacete e aviso de “prepare-se emocionalmente”. A pequena Antonella é exatamente esse tipo de criatura iluminada que mistura autoestima nas alturas com zero filtro na língua. A mãe faz todo um discurso educativo, mostra fotos grávida, explica com carinho sobre amor, pertencimento e acolhimento… e a criança simplesmente conclui que deve ser adotada porque é bonita demais para ser filha da própria mãe. É o tipo de comentário que não fere, mas também não deixa ninguém totalmente vivo; é o famoso tapa com luva de pelúcia cheio de glitter. Fica até difícil decidir entre rir, chorar ou abrir um boletim de ocorrência contra a sinceridade.
E é maravilhoso como as crianças conseguem entregar, sem esforço, aquilo que os adultos chamam de “humor ácido”, mas que elas conhecem apenas como “minha opinião sincera”. A Antonella provavelmente vai crescer com uma confiança inabalável e uma carreira prontinha em stand-up, enquanto a mãe ganha de brinde uma terapia acelerada e a certeza de que criar filhos é um esporte radical. No fim, sobra uma lição importante: autoestima de criança é tão afiada que corta até o ego de adulto blindado.






