Mercado Livre ou Liga Brasileira de arremesso de encomendas?

Mercado Livre ou Liga Brasileira de arremesso de encomendas?

Existe algo de quase poético na eficiência emocionalmente desapegada do entregador brasileiro. A conversa da imagem resume perfeitamente a filosofia nacional da logística: o importante é entregar, nem que seja com um arremesso digno de final olímpica. O cliente pergunta se precisa assinar e o entregador já responde com a serenidade de quem domina a arte ancestral de “jogar pelo portão e depois confirmar no aplicativo”. É uma modalidade nova, um esporte urbano, onde o prêmio é a satisfação de não precisar tocar a campainha duas vezes. A vida moderna exige dinamismo, e o entregador do Mercado Livre já entendeu isso melhor que qualquer MBA.

A confiança também é um espetáculo à parte. O entregador pergunta se o portão é o branco e, recebendo o “sim”, assume imediatamente que está tudo liberado para o arremesso. Não importa se na rua tem dez portões brancos, três cachorros soltos e um vizinho curioso: a entrega vai ser concluída. O pacote pode chegar voando, deslizando ou quicando, mas chega. E o melhor é que o cliente entende, o entregador entende e o universo conspira para que a encomenda sobreviva. No fim das contas, essa troca resume perfeitamente o Brasil: improviso profissionalizado e cortesia com sotaque.

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