
Nada mais brasileiro do que acreditar que um guarda-chuva comprado no camelô vai sobreviver ao primeiro vento. A gente compra cheio de esperança, imaginando que finalmente encontrou um modelo resistente, firme, quase militar. Mas a realidade sempre chega voando, literalmente. Basta uma brisinha de respeito para transformar o objeto em um disco voador desgovernado, fazendo sua última viagem solo enquanto você fica parado segurando apenas o cabo, refletindo sobre as escolhas que te trouxeram até ali. É quase poético: o guarda-chuva se libertando do capitalismo, buscando independência e novos horizontes, deixando você para trás totalmente ensopado e humilhado.
E o mais engraçado é que, mesmo vivendo isso pela milésima vez, todo brasileiro insiste em acreditar que “agora vai”. Nunca vai. O destino do guarda-chuva de camelô é sempre virar pássaro, avião ou projeto de OVNI. Talvez seja até um instinto natural da espécie. Enquanto isso, você está ali, pleno, segurando só o cabo, parecendo alguém que perdeu um duelo contra o próprio clima. A chuva vence de novo, o camelô agradece e o ciclo se renova.






