
Existe um momento na vida adulta em que a pessoa finalmente descobre que não sabe cantar absolutamente nada, e essa revelação costuma acontecer de maneira dolorosamente cômica. A imagem mostra exatamente esse nível de trauma musical: alguém passou anos soltando a voz achando que Renato Russo dedicava um trecho especial ao Valter Gomes dos Santos. Uma obra-prima da criatividade involuntária, quase uma fanfic melódica. É o tipo de engano que mexe com a autoestima, porque revela que o cidadão não só ouviu errado, como criou na cabeça uma árvore genealógica inteira que jamais existiu. E ainda achou natural que o compositor quisesse um nome mais bonito para esse tal Valter imaginário.
E o mais extraordinário é perceber que ninguém está imune. O brasileiro vive cantando refrões inexistentes, trocando palavras inteiras e, quando corrige, fica com saudade da versão errada. Porque, convenhamos, “Valter Gomes dos Santos” tem uma força emocional que a letra original nunca sonhou em ter. É praticamente um personagem novo no universo da Legião Urbana, com sobrenome completo e tudo. Um ícone acidental da MPB paralela que habita cada playlist torta que a gente insiste em cantar com confiança ilimitada e zero precisão.






