Quando o amor acaba, mas os Correios ainda acreditam

Quando o amor acaba, mas os Correios ainda acreditam

Essa imagem é a prova viva de que o brasileiro não aceita derrota emocional, ele só muda o canal de comunicação. Quando acaba a internet, acaba o bloqueio, mas nunca acaba a criatividade. O romantismo aqui não morreu, apenas foi reenviado com aviso de recebimento. É o amor raiz, sem Wi-Fi, sem visto por último, sem status online, mas com carimbo oficial e taxa paga. A pessoa não superou, só terceirizou o sentimento para uma estatal. É a persistência elevada ao nível administrativo, onde o coração sofre, mas segue todos os protocolos.

O mais bonito é a mistura de drama com logística. Enquanto uns mandam textão às três da manhã, outros preferem o charme vintage de um papel timbrado. É o famoso “me bloqueou em tudo, mas não bloqueou o sistema”. O romantismo brasileiro consegue ser ao mesmo tempo emocionado, estratégico e levemente desesperado. A imagem ensina que, quando a dignidade vai embora, a criatividade assume o volante. E assume sem cinto. No fim das contas, fica a reflexão de que o amor pode até acabar, mas a capacidade de passar vergonha nunca entra em recesso. Se existir uma fila para esquecer ex, o brasileiro claramente prefere furar pela lateral, com protocolo, assinatura e selo.

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