Numa dessas festas animadas de São João, onde o arrasta-pé e a alegria competem na mesma quadrilha, lá estava a nossa querida Rosalinda. Uma mulher arretada, com aquele jeito faceiro que conquistava qualquer um com um sorriso e um “uai”.
Ela era uma daquelas que fazia a alegria da festa, dançava forró com uma destreza que até o vento queria aprender os passos com ela. Mas, me diga, adivinha só quem estava de olho nela? O João, seu namorado, que a acompanhava de maneira mais grudada que a goma na tapioca.
Mas eis que, no meio da folia, Rosalinda recebeu elogios de um cavalheiro, parecia até que tinha ganho na loteria. Ela, toda prosa, aceitou o elogio e seguiu dançando como se nada tivesse acontecido. Só que o João, que não tinha sorriso colado com cola de sapateiro, percebeu tudo.
O rapaz, que tinha um ciúme mais quente que um acarajé fresquinho, resolveu confrontar a Rosalinda ali mesmo, no meio do salão. “Tô de olho, viu, Rosinha! Se tá pensando em arrastar o pé pra longe de mim, melhor terminar agora, antes que eu saia daqui pulando mais que pipoca na panela!”.
E ela, que não era de levar desaforo pra casa, respondeu: “Ó, Joãozinho, tu é bão, mas tem mais ciúme que galinha do ovão! Eu só tava alegrando a festança, e se tu acha que vou pular a fogueira da fidelidade, olha, prefiro ficar com o pé frio no forró!”.
E foi assim, no calor do São João, que terminaram ali mesmo, sem mais enrolação. O amor que parecia feito de pano de prato se desfez, mas a Rosalinda, essa continuou a alegrar a festa, porque, afinal, a vida não é só chamego, também tem que ter forró!