Um ódio que muita gente tem

Um ódio que muita gente tem

Sabe aquele momento clássico na vida urbana brasileira, quando você está lá, plantado na calçada, esperando pacientemente para atravessar a rua como manda o figurino cidadão responsável? Então, justo nessa hora, chega alguém por trás, nem tão rápido assim, e passa na sua frente como se estivesse competindo na São Silvestre.

Você, com toda sua etiqueta de pedestre, sente aquele misto de indignação e vontade de soltar um “poxa, moço, eu também sei que dá pra atravessar, tô só esperando a hora certa!”. É como se de repente todos os seus anos de prática em atravessar ruas urbanas fossem jogados na sarjeta, junto com os cigarros amassados e as poças de água suja.

E o pior é quando a pessoa te olha de soslaio, com aquele ar de superioridade pedestre, como se você fosse uma espécie rara de tartaruga urbana que ainda não entendeu o básico da travessia de rua. “Você ainda está aí? Desculpa, eu já tô do outro lado há 5 minutos!”, parece que ela pensa.

E você, na sua santa paciência, pensa em todos os argumentos que poderia usar numa situação assim. “Olha, moça, eu estou esperando o fluxo de carros diminuir e calculando a trajetória das bicicletas elétricas. É uma ciência complexa!” ou “Não se preocupe, senhor, eu sou tão consciente que até avisei o sinal que ia atravessar em breve.”

Mas no final das contas, você só respira fundo, espera mais um pouco, e segue com seu dia, resignado e com uma leve pontinha de orgulho por ser um pedestre tão educado. Afinal, no jogo caótico das ruas brasileiras, a paciência é a única faixa de segurança que realmente importa.

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