
A amizade brasileira tem um charme próprio, aquele equilíbrio perfeito entre o afeto e a completa ausência de noção. Basta ver a pérola dessa conversa: uma amiga sem dinheiro para o Uber e a outra oferecendo o incentivo mais motivacional possível, que é… água. É quase uma versão low-cost do coach de corrida, só que com a sinceridade crua de quem realmente acredita que um copo d’água resolve desde insolação até problema financeiro. É bonito ver esse tipo de generosidade, porque nada une mais duas pessoas do que a certeza absoluta de que ambas vivem no improviso.
E a verdade é que todo mundo tem uma amiga assim: a rainha da economia involuntária, mestre suprema do “vem a pé, ué”, discípula fiel do “sede é psicológico”. Esse tipo de pessoa é tão otimista que acredita que um convite e um gole de água são suficientes para alguém atravessar a cidade como se estivesse numa peregrinação espiritual. No fundo, essa imagem representa o Brasil raiz, onde o apoio emocional está sempre garantido, mas o Uber só vem quando Deus permite.






