Quando “vem ver teu filho” vira declaração de amor

Quando vem ver teu filho vira declaração de amor

Existe uma habilidade curiosa que alguns ex desenvolvem: a capacidade de transformar qualquer responsabilidade básica em sinal de saudade. A pessoa passa meses sumida, ignora metade das mensagens, mal lembra do aniversário… mas, de repente, descobre que “ver o filho” virou a deixa perfeita para mandar um “oi sumido” emocional. É quase uma estratégia de marketing afetivo, aquela tentativa desesperada de colocar o amor próprio para dormir e a nostalgia para trabalhar horas extras. E tudo isso embalado como se fosse um gesto romântico, quando na verdade é só alguém tentando ganhar engajamento afetivo sem pagar o preço da terapia.

No fim, sobra o clássico autoengano brasileiro, aquele que transforma um simples pedido de responsabilidade paterna em prova de reconciliação iminente. O cidadão lê “vem ver teu filho” e interpreta como “volta pra mim”, como se a carga genética fosse um cupido silencioso pedindo segunda chance. A comédia se forma sozinha: uma mistura de negação, esperança e zero senso de realidade. É o tipo de situação que prova que não existe mensagem mais perigosa que a que chega na nostalgia da tarde, quando o cérebro resolve tirar folga e o coração assume o controle do raciocínio.

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