Quando o assalto é antigo demais e o apelido vira patrimônio histórico

Quando o assalto é antigo demais e o apelido vira patrimônio histórico

Existe uma certa poesia na diferença entre apelidos de homens e mulheres. Enquanto a Juliana vira “Ju” e a Fernanda vira “Fe”, o Thiago não tem essa sorte. O homem mal vive uma situação traumática e já sai rebatizado como personagem de novela de época. E tudo porque o rolê dele foi tão peculiar que nem parece caso policial: parece trecho de livro do Machado de Assis, só que com dicionário de bolso e CD do Lenny Kravitz no meio. A pessoa só queria atravessar a rua e terminou protagonizando um sequestro relâmpago em carroça, uma modalidade de assalto que, sinceramente, nem o bandido raiz deve ter levado muito a sério.

O detalhe é que, no fim, ninguém lembra da tragédia. Todo mundo só lembra do apelido, que pegou com a velocidade de uma fofoca boa. O amigo não é mais Thiago. Agora é sinhá moça, patrona oficial dos assaltos vintage, embaixadora das situações improváveis e vítima de ladrões que, possivelmente, só estavam ensaiando para um teatro de colégio. A vida do brasileiro não tem um segundo de paz, mas sempre tem um apelido pronto para registrar a vergonha com perfeição histórica.

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