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Velhice feminina em república, velhice masculina em solidão

Velhice feminina em república, velhice masculina em solidão

A teoria faz sentido: na velhice, as mulheres vão estar morando juntas em verdadeiros “condomínios da amizade”, cheios de vinho barato, séries de streaming e fofoca fresca. Vai ter até campeonato de quem lembra mais novela da década de 90, com prêmios em crochê. Já os homens, esses sim vão acabar isolados, tentando consertar uma lâmpada que nem queimou, só pra ter alguma emoção.

Enquanto elas organizam festas do pijama com karaokê de Zezé Di Camargo, os caras vão estar sozinhos discutindo futebol com a televisão, respondendo ao narrador como se fosse amigo de infância. É a prova de que aprender a se comunicar salva até na aposentadoria. Porque se depender de “grunhidos” de churrasco e frases de três palavras como “tá caro isso”, a solidão é garantida.

No fim das contas, a velhice feminina vai parecer um reality show divertido, e a masculina, um tutorial eterno de “como não pedir ajuda nunca”.

Voltar pra 1995: Sem internet, mas com chance no concurso

Voltar pra 1995: Sem internet, mas com chance no concurso

Acordar em 1995 sem Wi-Fi e sem celular seria praticamente um retiro espiritual forçado. Imagina o choque de uma geração que hoje surta se o 4G cai por cinco minutos. Em 95, a maior treta tecnológica era rebobinar a fita da locadora antes de devolver, senão pagava multa. E quem quisesse dar aquela stalkeada teria que abrir uma lista telefônica do tamanho de um tijolo e rezar pra pessoa não estar com o número “não identificado”.

Enquanto hoje as notificações são sobre Pix ou boleto, na época o auge era receber uma ligação a cobrar com aquele “diz que me ama rapidinho porque é caro”. O comentário do cara sobre concurso foi certeiro: em 95, bastava saber escrever “cachorro” sem “x” pra passar na prova. Não tinha essa concorrência de 10 mil candidatos pra 3 vagas. Era quase garantia de estabilidade vitalícia, junto com vale-coxinha na cantina.

Resumo: voltar pra 95 pode até não ter Wi-Fi, mas pelo menos tinha esperança.

O dia em que o cachorro foi acusado injustamente de roubar o chinelo

O dia em que o cachorro foi acusado injustamente de roubar o chinelo

Cachorro e chinelo: uma dupla mais tradicional que arroz com feijão. Todo dono já sabe que, se o pet desaparecer e um chinelo também sumir, é porque os dois estão juntos em algum lugar. E a cena é sempre a mesma: o cachorro feliz da vida, rabo abanando, e o dono desesperado procurando o par perdido. O mais curioso é que os bichos parecem ter um radar especial para escolher justamente aquele chinelo novo, o único que não está gasto e que custou caro.

A conversa mostra o nível de confiança entre vizinhos no Brasil: ninguém pergunta se o cachorro está bem, a dúvida é se ele levou algum calçado junto. O animal já virou praticamente uma entidade responsável por controlar o estoque de Havaianas do bairro. Se bobear, logo aparece anúncio em grupo de Facebook: “Procura-se chinelo, último paradeiro visto na boca do cachorro do vizinho”. No fim, o cachorro tá lá, pleno, sem chinelo, provando que nem sempre o crime é dele.

Pet Shop Delivery – Como adotar um cachorro sem perceber

Pet Shop Delivery – Como adotar um cachorro sem perceber

Tem coisa que só acontece em família brasileira. O pai simplesmente pega um cachorro da rua, manda pro banho no pet shop e ainda pede pra entregar em casa no nome da filha. Como se fosse um iFood de cachorro: você pede, lava, perfuma e chega no portão como “pedido concluído”. E o detalhe mais cômico é o pet shop anunciando a entrega como se fosse algo comum: “olha, tá aqui seu doguinho, limpinho e cheiroso”. Enquanto isso, a dona da casa jurando que nunca viu aquele animal na vida.

É nesse nível de espontaneidade que surgem novos membros da família. O cachorro não foi adotado, ele foi literalmente entregue de surpresa, igual brinde de promoção. E o pet shop ainda fecha a questão com a frase definitiva: “agora é”. E realmente, depois de um banho caro e perfume canino, não existe devolução. No contrato invisível da vida, pet que sai do pet shop não volta mais pro rolê das ruas.

A saga da coca morna e a geladeira motorizada

A saga da coca morna e a geladeira motorizada

Avaliação de cliente brasileiro é sempre uma obra-prima do entretenimento. O sujeito pede uma Coca-Cola no calor de Campo Grande, recebe o refrigerante morno e já imagina que o motoboy deveria chegar pilotando uma moto equipada com freezer frost free. O comentário é seco, mas a resposta do restaurante foi digna de stand-up: “vou ver se dá pra amarrar uma geladeira na garupa”. É nesse nível de sinceridade que o comércio brasileiro sobrevive ao verão de 32 graus.

A verdade é que, em certas cidades, a bebida já sai suando da garrafa só de olhar para o sol. Não existe isopor, gelo ou fé que segure a temperatura. No fim das contas, o cliente ainda deu 4 estrelas, porque brasileiro critica, mas não destrói completamente o rolê gastronômico. Afinal, ninguém quer atrapalhar a chance de um refrigerante geladinho da próxima vez.

Se inventarem delivery com ar-condicionado acoplado, Campo Grande vai ser a capital mundial da felicidade gaseificada.

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