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O feriado que veio com rasteira

O feriado que veio com rasteira

O brasileiro já nasce com o dom de perder tempo em situações inacreditáveis. Nada como acordar atrasado, correr feito maratonista sem medalha, tropeçar no degrau da esperança e ainda ouvir do motorista a clássica ironia que bate mais forte que a queda. É o universo lembrando: “relaxa, não é azar, é só sua vida mesmo”.

O detalhe é chegar ralado, sujo e esbaforido, com a sensação de que venceu uma guerra, apenas para descobrir que não tinha batalha nenhuma. Feriado. O país inteiro descansando, e você interpretando um episódio de “Lata Velha” com seu próprio corpo.

O melhor é pensar que esse tipo de situação já vem incluso no pacote básico de ser brasileiro: boleto, fila de banco, tropeço público e feriado esquecido. Não existe planejamento que resista ao calendário nacional, principalmente quando ele resolve te dar um dia livre, mas só depois de você ter feito cosplay de desgraça humana.

Quando a barba é só pincel e corretivo

Quando a barba é só pincel e corretivo

A arte da vergonha alheia começa sempre com uma boa intenção. Afinal, não há nada mais sincero do que passar meia hora exaltando a barba perfeita de um amigo, comentando o alinhamento, a densidade, o brilho digno de comercial de shampoo masculino. Só que a vida adora plot twists, e a revelação final foi digna de novela mexicana: tudo não passava de maquiagem feita pela namorada.

É nesse instante que a autoestima despenca e a confiança em elogiar qualquer coisa se perde para sempre. Porque se até barba agora pode ser desenhada no pincel, o que mais anda sendo fake? A sobrancelha? O tanquinho de academia? O bronzeado de verão? A tecnologia da maquiagem já está em nível avançado: de barba de lenhador a barba de Playmobil, tudo pode ser criado. A lição é clara: antes de elogiar, certifique-se de que não está diante de um tutorial vivo do YouTube.

Cartão recusado, humilhação aprovada em 3x sem juros

Cartão recusado, humilhação aprovada em 3x sem juros

Nada na vida testa mais o psicológico do brasileiro do que um cartão recusado em plena fila de mercado. É como se o destino quisesse montar um reality show de humilhação em tempo real, com 15 participantes atrás de você soltando suspiros, tossidas falsas e aquele famoso balançar de cabeça que diz: “isso só podia acontecer agora”. O pior é que você tenta manter a postura, coloca o cartão de novo como quem acredita num milagre, mas a maquininha já decidiu: hoje não é seu dia.

E claro, sempre tem alguém na fila que olha com pena, outro que olha com raiva e aquele que já está ensaiando a frase: “se fosse no PIX, não dava problema”. É nesse momento que o suor aparece, a autoconfiança desaparece e a única compra que realmente foi feita foi a de um ingresso pro constrangimento coletivo. O cartão pode ser recusado, mas a vergonha é sempre aprovada.

Quando o karaokê vira show de horrores musicais

Quando o karaokê vira show de horrores musicais

Karaokê é sempre aquele território perigoso onde a autoconfiança bate forte e a vergonha alheia vira plateia. A pessoa sobe ao palco achando que vai ser a mistura de Beyoncé com Freddie Mercury, mas o resultado geralmente é mais próximo de um micro-ondas apitando junto com um gato miando.

O detalhe é que o cérebro insiste em sabotar: a letra que você sabia de cor até no chuveiro simplesmente desaparece, como se tivesse fugido correndo do telão. E quando tenta improvisar, a criatividade transforma a música em uma versão inédita que nem o compositor reconheceria. A plateia, claro, vira júri do “The Voice do Desespero”, onde ninguém vira a cadeira, mas todos viram os olhos. A desafinada então é o tempero final, porque não basta errar a letra, tem que cantar em outra galáxia musical. No fim, fica a lição: karaokê não é sobre talento, é sobre coragem — e a coragem, pelo menos, você teve de sobra.

O dia em que minha cueca apresentou o relatório no Zoom

O dia em que minha cueca apresentou o relatório no Zoom

Clássico do home office: você entra todo confiante na reunião, microfone no mudo, cara séria, preparado pra parecer profissional… e só esquece o pequeno detalhe de estar sem camisa e de cueca. A elegância da cintura pra cima encontra o modo férias da cintura pra baixo. É a versão corporativa do “negócio na frente, festa atrás”, só que adaptada pro guarda-roupa da quarentena.

O pior é que ninguém avisa na hora, sempre deixam você discursar bonito sobre metas, prazos e produtividade, enquanto seu short inexistente brilha mais do que qualquer PowerPoint. A cueca, coitada, acaba virando personagem principal da reunião, ocupando a tela com mais presença do que o chefe. E depois, não adianta fingir que era uma estratégia de engajamento ou uma forma disruptiva de quebrar padrões. No Zoom, reputações caem mais rápido que conexão de internet ruim. Moral da história: o dress code do home office é traiçoeiro — e a câmera, implacável.

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