McTristeza Feliz — quando nem o combo resolve a crise existencial

McTristeza Feliz — quando nem o combo resolve a crise existencial

A vida moderna trouxe dilemas que nem Freud explicaria. Antigamente, o drama era esquecer o pão na padaria; hoje, é comer um McLanche Feliz e continuar infeliz. O cliente não quer só batata frita, ele quer sentido existencial incluso no combo. E aí sobra pro Celso, que virou praticamente o Batman do consumidor, mas sem capa — apenas com mensagens no direct de gente que acha que o Procon também é psicólogo.

O melhor é a criatividade: “Oi Celso Urso manco…” Já começa parecendo nome de banda indie. E no meio disso tudo, a pergunta mais brasileira possível: “Devo chamar a polícia?” Porque aqui a lógica é simples: se o lanche não cumpriu a promessa de felicidade, claramente temos um caso de estelionato emocional. Quem sabe, no futuro, o cardápio já venha com níveis de alegria: “Feliz básico”, “Feliz premium” e “Feliz de verdade, mas custa R$ 49,90 sem refil”.

Quando o karaokê vira show de horrores musicais

Quando o karaokê vira show de horrores musicais

Karaokê é sempre aquele território perigoso onde a autoconfiança bate forte e a vergonha alheia vira plateia. A pessoa sobe ao palco achando que vai ser a mistura de Beyoncé com Freddie Mercury, mas o resultado geralmente é mais próximo de um micro-ondas apitando junto com um gato miando.

O detalhe é que o cérebro insiste em sabotar: a letra que você sabia de cor até no chuveiro simplesmente desaparece, como se tivesse fugido correndo do telão. E quando tenta improvisar, a criatividade transforma a música em uma versão inédita que nem o compositor reconheceria. A plateia, claro, vira júri do “The Voice do Desespero”, onde ninguém vira a cadeira, mas todos viram os olhos. A desafinada então é o tempero final, porque não basta errar a letra, tem que cantar em outra galáxia musical. No fim, fica a lição: karaokê não é sobre talento, é sobre coragem — e a coragem, pelo menos, você teve de sobra.

Apoiar amigo sim, virar sócio de pirâmide não

Apoiar amigo sim, virar sócio de pirâmide não

O problema do empreendedor moderno é achar que está no “Shark Tank”, mas na verdade só abriu uma lojinha no Instagram. O sujeito compra algo por 5 reais e tenta revender por 50, jurando que está aplicando uma estratégia inovadora chamada “lucro exponencial sem noção”. Apoiar o negócio é quase um teste de amizade: se você compra, não é cliente, é investidor-anjo sem retorno. E ainda escuta a famosa justificativa de que “tem que valorizar o esforço, o atendimento, o delivery”.

A realidade é que o preço final parece cálculo feito no Paint com ajuda do dólar paralelo. No fim, quem olha a etiqueta não vê um produto, vê um financiamento estudantil. Apoiar amigo é bom, mas pagar 50 reais numa caneca que brilha no escuro é pedir demais. Principalmente quando o mesmo item tá na Shopee por 7, com frete grátis e cupom de desconto.

Vaga exige MBA, cinco idiomas e superpoderes — salário: um pastel e um caldo de cana

Vaga exige MBA, cinco idiomas e superpoderes — salário: um pastel e um caldo de cana

Vaga de emprego no Brasil já virou gênero de terror. A descrição começa bonita: assistente administrativo. Mas aí vem a lista de funções e o coração dispara. O candidato precisa captar clientes, controlar fluxo de caixa, gerir redes sociais, limpar o ambiente, fazer relatórios, provavelmente trocar a lâmpada da recepção e, se sobrar tempo, cantar parabéns no aniversário do chefe. E não para por aí. Nos requisitos, a exigência é praticamente virar o super-herói da administração: Excel avançado, superior em Administração, MBA em Gestão de Projetos, fluência em inglês e alemão, experiência comprovada e liderança de times.

Tudo isso para embolsar a fortuna de R$ 1.200,00 como PJ. A única fluência que esse salário garante é em boleto atrasado. Para quem tem MBA, a parte mais desafiadora será explicar para os pais como investiu cinco anos de estudo para ganhar menos que um estagiário.

O dia em que minha cueca apresentou o relatório no Zoom

O dia em que minha cueca apresentou o relatório no Zoom

Clássico do home office: você entra todo confiante na reunião, microfone no mudo, cara séria, preparado pra parecer profissional… e só esquece o pequeno detalhe de estar sem camisa e de cueca. A elegância da cintura pra cima encontra o modo férias da cintura pra baixo. É a versão corporativa do “negócio na frente, festa atrás”, só que adaptada pro guarda-roupa da quarentena.

O pior é que ninguém avisa na hora, sempre deixam você discursar bonito sobre metas, prazos e produtividade, enquanto seu short inexistente brilha mais do que qualquer PowerPoint. A cueca, coitada, acaba virando personagem principal da reunião, ocupando a tela com mais presença do que o chefe. E depois, não adianta fingir que era uma estratégia de engajamento ou uma forma disruptiva de quebrar padrões. No Zoom, reputações caem mais rápido que conexão de internet ruim. Moral da história: o dress code do home office é traiçoeiro — e a câmera, implacável.

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