Chega um momento na vida de todo brasileiro em que ele se depara com algo tão característico, tão típico, tão… canônico! É aquele instante em que você se vê diante de uma situação que poderia muito bem ser retratada em um manual de comportamento brasileiro, se é que um dia esse manual existirá.
Pode ser quando você está no supermercado e esbarra em alguém que está no exato lugar em que você precisa pegar algo. A troca de olhares constrangedora, os sorrisos amarelos e a dança de “vai, pode pegar primeiro, não, eu insisto, por favor, fique à vontade” são como cenas de um filme já assistido inúmeras vezes.
Ou quem sabe é quando você está no ônibus e precisa apertar o botão para descer, mas a pessoa que está sentada bem ao lado parece ter sido hipnotizada pelo movimento do veículo. Você olha para ela, ela olha para você, e vocês sabem que é chegada a hora do duelo silencioso pelo controle do botão.
E que tal quando você está assistindo televisão e, no meio do programa, começa a surgir uma infinidade de comerciais? Você se pergunta se está assistindo à novela ou ao intervalo comercial. É como se a TV decidisse te testar, te desafiando a permanecer na frente dela por mais tempo do que você pretendia inicialmente.
Mas o momento canônico por excelência é aquele em que você vai ao banco e enfrenta uma fila que parece ter sido esculpida nos anais da história. Você olha para o relógio, para as pessoas à sua volta, e se pergunta se alguém ali já esteve em outra dimensão, tal é a demora no atendimento.
Seja qual for o momento canônico que você já viveu ou ainda vai viver, uma coisa é certa: é isso que nos faz brasileiros, é isso que nos torna únicos, é isso que nos faz rir e, no fim das contas, é isso que torna a vida aqui tão divertida. Porque, afinal, ser canônico é ser brasileiro.