Ser humilhado pelo próprio cartão já é constrangedor. Agora, ser consolado pela pessoa que você estava tentando ajudar é um combo que só acontece no Brasil. A cena é tão simbólica que poderia virar slogan de banco: “Aqui, até o sem-teto confia mais que seu cartão”. E o pior é que o cara na rua ainda dá a maior lição de vida: solidariedade compartilhada, fila da esperança e uma coxinha que nunca chega. A vida financeira do brasileiro é tão complicada que até na hora de praticar bondade a maquininha de cartão resolve ser seletiva. O banco não perdoa: coxinha negada, mas juros aceitos sem pensar duas vezes.
Enquanto isso, do lado de fora, surge a verdadeira irmandade: dois seres humanos unidos não pela comida, mas pela espera de um Pix milagroso. É oficial: no Brasil, até a solidariedade precisa passar pelo crédito aprovado.