O café é quase uma religião no Brasil, mas aqui vemos a versão mais cruel do sacramento: o café pronto, cheiroso, quentinho… e inacessível. Nada mais brasileiro do que prometer hospitalidade e, na hora H, perceber que perdeu a chave do portão, a chave da porta e, provavelmente, também a chave da vida.
É como se o universo dissesse: “Você até pode ter café, mas vai tomar sozinho”. E o amigo, que já estava a caminho, acaba descobrindo que o verdadeiro filtro não é de papel, mas o da realidade. O drama é tão grande que o café quase vira lenda urbana, tipo mula sem cabeça ou loira do banheiro: todo mundo ouviu falar, mas ninguém viu de perto. O mais curioso é que, no fim, o problema nunca é o café em si. O problema é a logística brasileira, que transforma uma simples xícara em missão impossível digna de filme de ação.