O dia em que a etiqueta cancelou o meu desfile

Tem dias que o universo acorda inspirado e decide aplicar pequenas pegadinhas só para manter o ser humano humilde. A cena clássica do cidadão que sai de casa se sentindo o auge da elegância, desfilando como se estivesse sendo seguido por fotógrafos imaginários, representa bem esse equilíbrio celestial. A autoestima vai lá em cima, o look encaixa, o cabelo colabora, o perfume assina presença. E aí, no meio desse momento de glória, a realidade surge na forma de uma etiqueta balançando na calça, lembrando que ninguém é tão chique quanto pensa. É quase um lembrete personalizado dizendo que, por mais que exista confiança, a vida sempre encontra um jeitinho de envergonhar com estilo.
O mais engraçado é que todo brasileiro já passou por algo parecido e sabe que não existe humilhação mais educativa do que ser surpreendido no auge da pose. A etiqueta pendurada funciona como uma seta apontando para a própria ilusão de grandeza, quase pedindo desculpa por interromper o desfile imaginário. No fim, resta rir, porque viver no Brasil é basicamente isso: brilhar por alguns minutos e, logo depois, tropeçar na própria sorte.




