O drama de ser Uber terceirizado sem salário

O drama de ser Uber terceirizado sem salário

Pedir um Uber pra outra pessoa é praticamente assumir um cargo informal de central de monitoramento da NASA. Basta aceitar a missão e, de repente, vira responsabilidade sua garantir que o motorista não dê a volta no planeta, que o passageiro não suba no carro errado e que o endereço não acabe transformando o rolê num tour inesperado pelo bairro. É um nível de tensão que nem terapia prepara. E tudo isso sem ganhar comissão, bônus ou pelo menos um “muito obrigado” decente. No fundo, o verdadeiro problema não é pedir o Uber — é a sensação de que, se algo der errado, a culpa moral recai inteira sobre você, como se tivesse sido você pessoalmente que pegou o volante.

E o pior é o pânico silencioso que surge enquanto acompanha o trajeto. A pessoa que pediu acha que você tá ali tranquilo, mas por dentro você está calculando rotas alternativas, conferindo placas e pensando em como justificaria pro motorista qualquer detalhe estranho. Pedir Uber pra alguém é participar involuntariamente de um jogo de estratégia emocional no qual ninguém vence, só sobrevive. E ainda tem gente que pede “rapidinho”, como se rapidinho apagasse o estresse.

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