Quando o gov.br decide que chegou sua hora de sofrer

Quando o gov.br decide que chegou sua hora de sofrer

A nova geração trata a palavra “trabalho” com o mesmo susto de quem ouve “mutirão de domingo”. É que o jovem moderno foi criado no Wi-Fi, alimentado a iFood e treinado para lidar com boletos emocionais, não com ponto eletrônico. A ideia de uma carteira de trabalho soa quase mítica, tipo um artefato lendário do capitalismo — algo que existe, mas ninguém quer realmente usar. Quando o pai anuncia que fez o documento, o jovem sente que perdeu a batalha final contra a vida adulta. Acabou a fase tutorial, agora é missão principal: sobreviver ao CNPJ.

O mais engraçado é que o brasileiro nasceu com talento para fugir de serviço. É o país onde “freela”, “empreendedor” e “investidor de milhas” viraram sinônimos de “não quero bater ponto”. Só que o destino é implacável: uma hora o gov.br te acha, te cadastra e te transforma em estatística do INSS. O que resta é aceitar com fé e um pouco de drama, afinal, se a carteira de trabalho foi aberta, é porque o boleto já tem CPF.

Vaga para recém-nascido com 10 anos de experiência

Vaga para recém-nascido com 10 anos de experiência

O mercado de trabalho brasileiro vive no modo “The Sims” com pacote de expansão impossível. As empresas querem um jovem de 22 anos com 10 anos de experiência, três idiomas, pós-graduação em Marte e, de preferência, carteira de motorista de empilhadeira. É o famoso “procura-se recém-nascido com vivência em liderança”. A imagem representa perfeitamente a lógica do RH moderno: a criançada já começa o estágio no maternal, aprendendo Excel enquanto pinta com guache. O recreio? Só se for para networking.

É que hoje em dia, o jovem trabalhador precisa nascer com LinkedIn ativo e carta de recomendação da maternidade. As exigências são tão surreais que, se seguir nesse ritmo, as próximas gerações vão sair da ultrassonografia direto para o home office. E o salário, claro, compatível com a experiência — ou seja, dois boletos vencidos e um vale-transporte. No fim das contas, a verdadeira competência é sobreviver à entrevista sem rir quando o recrutador pergunta: “Você tem experiência com pressão?”.

Confundi o coração com maçã e virei romântico fitness

Confundi o coração com maçã e virei romântico fitness

O amor moderno é isso aí: cheio de emojis, mal-entendidos e uma pitada de miopia. A pessoa manda três maçãs achando que é coração e, de repente, parece que tá declarando amor em nome da Frutaria São José. O romantismo do século XXI precisa lidar com novos perigos — não é mais o ciúme ou a distância, é o risco de confundir um coração com um tomate e acabar sendo apelidado de “meu Nutricionista”. O mais curioso é que, no fundo, o erro faz até sentido: amor e fruta têm tudo a ver, os dois precisam de cuidado, amadurecem com o tempo e, se vacilar, apodrecem rápido. Mas é bonito ver que, mesmo sem óculos, o sentimento continua ali, firme e forte — ainda que um pouco desfocado. No fim das contas, o amor não precisa de perfeição… só de uma boa lente e de alguém que entenda que nem todo emoji errado é sinal de desinteresse.

Quando a filosofia encontra a sinceridade e perde a dignidade

Quando a filosofia encontra a sinceridade e perde a dignidade

Existe um tipo de sinceridade que não destrói o argumento, destrói a alma. O cara ali, no auge da reflexão filosófica, tentando ser profundo, falando sobre estar “emocionalmente não pronto” — e vem a moça e aplica um tapa de realidade que até a terapia sentiria. Porque, convenhamos, se já tem cabelo grisalho e ainda tá esperando “o momento certo”, talvez o momento tenha passado junto com o preço do feijão de 2012. O povo adora romantizar o caos emocional, mas chega uma hora que o problema não é o destino, é o Wi-Fi interno da pessoa que nunca conecta com o mundo real. Essa mulher simplesmente soltou o “resolve tua vida, varão” mais elegante da internet. A resposta dela é o equivalente digital de um tapa nas costas seguido de um “cria vergonha”. Moral da história: amadurecer dói, mas tomar uma dessas nos comentários dói bem mais.

Frete grátis: A odisseia Marítima da Shopee

Frete grátis: A odisseia Marítima da Shopee

O frete grátis da Shopee é uma verdadeira aventura marítima — um milagre logístico que desafia as leis da física, da paciência e da sanidade. A gente compra um cabo de celular por R$ 2,99, e ele vem de navio, bicicleta, jumento e talvez até de carona com um golfinho. Agora tudo faz sentido: o motivo do prazo de entrega ser “entre 15 e 97 dias úteis” é porque o pacote tá literalmente cruzando o oceano num barquinho movido a esperança. E o melhor é que chega! Amassado, sujo, com um leve cheiro de gasolina e maresia, mas chega.

Enquanto isso, o brasileiro acompanha a saga pelo rastreio como se fosse série da Netflix. Cada atualização é uma emoção: “Saiu do centro de distribuição da Malásia”, “Parou em Dubai”, “Em trânsito há 43 dias”. A gente nem liga mais se o produto vem certo — o importante é ver o herói do barquinho vencer as ondas e entregar aquele pacote de meia luminosa com LED piscando.

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